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Sam recebe uma ligação de Emily, uma mulher quase cega que está fugindo de seu ex-namorado assassino na floresta. Ela deve sobreviver à perseguição com Sam sendo seus olhos em uma chamada de vídeo.Sabe aquele esquema de que “quando um dos seus sentidos vai diminuindo, os outros vão melhorando”? Isso não acontece com a protagonista de Unseen.
Emily (Midori Francis, Grey’s Anatomy), uma jovem médica que tem um problema gigante de visão, conta apenas com a ajuda de uma desconhecida, Sam (Jolene Purdy, The White Lotus), funcionária de um posto de gasolina, para tentar se livrar de seu ex-namorado que a sequestrou. Juntas, através de uma chamada de vídeo, elas vão fazer o máximo para se manter em segurança.
O longa faz parte do acordo de oito filmes originais entre a Blumhouse Television (divisão de TV da produtora) e a MGM+ e chamou minha atenção pelo protagonismo feminino e oriental, contando inclusive com a diretora, Yoko Okumura, que estreia aqui na direção de longa metragem.
Apesar de achar um bom filme, ele ainda possui vários problemas que, às vezes, atrapalham bastante na imersão. A maior parte deles, na minha opinião, vem do roteiro que peca no desenvolvimento dos acontecimentos e principalmente no que diz respeito a Sam.
Enquanto a gente torce para Emily, que foge de seu sequestrador e tenta fazer o possível para chegar em um porto seguro – uma personagem muito mais fácil de se relacionar – acompanhamos também Sam sendo um arquétipo ambulante. Sam é uma personagem tímida, envergonhada e insegura. Coisas que numa situação de risco se tornam um problema mortal.
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Tudo bem, entendemos um pouco mais sobre ela no decorrer do filme, mas ainda assim… Sam é uma personagem que sempre toma decisões ruins. Ela é tão azarada que, às vezes, chega a ser meio cômico ao invés de tenso.
O roteiro também é bem conveniente em diversos momentos apenas com o intuito de manter o filme andando. Em um momento em especial, onde Emily tem a chance de acabar com tudo de uma vez, é impedida pela moralidade de Sam mesmo sobre risco de vida. Em outro, Charlie (Michael Patrick Lane, Dinasty) consegue alcançar Emily mas deixa ela ir embora com o intuito de… caçar ela?
Porém, quando o filme acerta, ele acerta. As cenas de embate entre Emily e Charlie são tensas e cruas. As situações entre Sam e Carol (Missi Pyle, Ma) – uma cliente soberba do posto – que vão escalonando para momentos cada vez mais absurdos também nos envolve.
Além do óbvio, uma pessoa com visão baixa tendo de escapar de um ex namorado abusivo, há ainda outro subtexto – meio óbvio, também – do racismo e invisibilização do povo àsio-americano nos Estados Unidos.Apesar de ser algo importante de ser mostrado, é obviamente uma das coisas que eu mais vi críticas ao filme. “Filme de lacração”, como diriam.
Os principais antagonistas da trama, Charlie e Carol, são interpretados por atores brancos. Vi gente reclamando disso, além de pessoas falando sobre como o tom da personagem da Missi Pyle é exagerado e caricato. Esse é exatamente o ponto da crítica.Mesmo partindo do pressuposto de que assassinos em série são majoritariamente brancos – apesar de uma mudança na última década –, isso não é posto em discussão de forma direta no filme. Lá ele é um homem abusivo que, no final das contas, é branco.